Olá exploradores!
Quem me conhece sabe que costumo participar de muitos sorteios. E justamente por meio de um, pudemos finalmente conhecer a mística cidade de São Thomé das Letras!
Em Março/2022, a página O Que Fazer Sul de Minas (@oquefazersuldeminas) e outros patrocinadores sortearam um pacote completo:
- duas noites hospedadas no hostel Clã das Fadas (@cladasfadasstl);
- um passeio guiado pela Clarisse (@fadastl);
- uma janta no restaurante Parrilla Del Brujo (@parrilladelbrujo);
- e uma descida na Tirolesa Pôr do Sol (para duas pessoas) (@tirolesapordosol).
Dia 1 - Complexo Garganta do Diabo > Vale das Borboletas > Sobradinho > Pirâmide
Partimos durante a madrugada, por volta das 04:00 – de Itapira até São Thomé das Letras são cerca de quatro horas de viagem. Pouco antes de nosso destino final, em Três Corações (onde nasceu o Rei Pelé), paramos em uma padaria e logo adquirimos nossos pães de queijo de boas vindas.
Hostel Clã das Fadas
Cinco horas depois de nossa saída, chegamos no hostel Clã das Fadas, onde a fada-anfitriã Clarisse nos recebeu muito bem. Sem perder tempo, descarregamos algumas coisas do carro e iniciamos a execução do nosso roteiro planejado.
O que fazer em São Thomé das Letras
Garganta do Diabo: Complexo de cachoeiras próximas da cidade
O primeiro destino escolhido foi a Cachoeira Garganta do Diabo, muito próxima da cidade (há cerca de 5 minutos de carro). Após passar pelo portal da entrada, fizemos uma parada rápida no letreiro de São Thomé, onde tiramos algumas fotos e apreciamos a vista, e retomamos o caminho para a cachoeira.
Trata-se, na verdade, de um complexo com quatro pontos de interesse: as cachoeiras Garganta do Diabo, Gargantinha, Escadinha e o Poço dos Namorados. Pagamos R$ 10 para entrar (07/04/22) – o local está em manutenção e estão construindo corrimões e melhorando trilhas para facilitar o acesso às atrações. Lembrando que todas as cachoeiras de São Thomé são pagas – exceto a Cachoeira do Sobradinho, a qual fomos à tarde, e a Cachoeira do Flávio, que conhecemos no terceiro dia.
Estacionamos o carro e começamos a descer pela trilha, tranquila e bem demarcada (quase como um “escadão”), mas com pontos rochosos que podem estar escorregadios.
Cânion da Cachoeira Garganta do Diabo
Primeiro chega-se na parte de cima do Cânion da Cachoeira Garganta do Diabo, e, andando mais um pouco, pode (e deve) descer e acessar o cânion (com cuidado, pedras molhadas; não se deve ir em hipótese alguma caso esteja chovendo). Fui de chinelo – você vai molhar os pés – e foi tranquilo, enquanto o Pietro, que estava usando sapatilhas, levou um belo tombo.
Esse foi o ponto que mais gostamos, dentre os quatro, ainda que os outros também sejam incríveis.
Cachoeira Gargantinha
Seguindo adiante na trilha, uma entrada à direita e pode-se descer para ver a pequena Cachoeira Gargantinha.
Poço dos Namorados
Descendo mais um pouco, seguindo o corrimão, chegamos no Poço dos Namorados, o melhor ponto de banho do complexo – os outros eram rasos e serviram melhor para somente contemplarmos as quedas.
Cachoeira da Escada (ou Escadinha)
Fechando com chave de ouro, ao fim da trilha atravessamos uma ponte de madeira e, seguindo com cuidado pelo corrimão e descendo pelas pedras, saímos de cara com a Cachoeira da Escada – muito bonita!
Ficamos cerca de 1h30min no local, mesmo sem ter nadado. A estrada de acesso está levemente debilitada, mas chegamos tranquilo com carro 1.0. Atenção: o Google Maps queria nos levar até o “Poço Secreto” – deve-se seguir à direita ao se ver a placa desse outro local.
Retornando para a estrada de asfalto, em uma entrada bem próxima, seguimos para o Vale das Borboletas, onde pode-se visitar a Cachoeira das Borboletas e o Poço dos Gnomos. Passando pela guarita, pagamos a entrada, pegamos nossas pulseiras e estacionamos o carro.
Vale das Borboletas
Há estrutura com vários restaurantes e tendas de artesanato em torno do caminho para a cachoeira. A trilha é super curta, e em menos de 5 minutos já estávamos na cachoeira, mas resolvemos seguir até o final pela direita, diretamente até o poço, e voltarmos depois.
Poço dos Gnomos
O Poço dos Gnomos é um lugar limpo e tranquilo, perfeito para relaxar e se banhar. Como haviam algumas pessoas, apenas curtimos o local por alguns minutos e já voltamos pela trilha para a atração principal.
Cachoeira das Borboletas
Na Cachoeira das Borboletas, estávamos apenas nós e mais duas pessoas nadando. Possivelmente, o lugar mais bonito da viagem! Não costumo entrar nas cachoeiras, mas essa foi irresistível. Suas duas quedas nos proporcionaram uma excelente massagem, parecendo chuveiros fortes.
E nos arredores também vimos muitas borboletas, que fizeram jus ao nome do local.
É possível chegar na parte de cima e vê-la por outro ângulo, ainda muito bonita.
Para entrar no Vale das Borboletas, pagamos R$ 10 por pessoa (abril/2022). Atenção: fomos em uma quinta-feira de manhã (por volta das 11:00) e estávamos praticamente sozinhos no local. Tente, se possível, ir durante a semana ou chegar o quanto antes, aproveitando que é próximo da cidade – passamos em frente no sábado pela manhã e o local estava caótico: uma visão tenebrosa de dezenas de vans, ônibus de excursão e carros. Certamente teríamos uma opinião completamente diferente do local!
Aproveitamos para almoçar lá mesmo (R$ 21), em um dos barzinhos dentro da propriedade. Comemos dois salgados, tomamos um delicioso caldo de cana e rumamos diretamente para o bairro de Sobradinho.
Bairro de Sobradinho
Percorremos cerca de 20 km de estrada de terra, passando pelo pequeno bairro pacato. As condições no trecho final estavam terríveis: muitas pedras, buracos e uma pontezinha duvidosa. Mas, felizmente, chegamos – e mal sabíamos que essa estrada não seria nada comparada às que percorremos em Luminárias.
Cachoeira do Sobradinho
Estacionamos o carro na “curva” e entramos: a entrada é gratuita, e aceitam doações ao seu critério. Não havia ninguém no bar Paraíso do Lelé – estava fechado, mas parecia tudo bem organizado. Encontramos apenas algumas famílias de um passarinho muito bonito.
Atravessando o bar, começamos a explorar o local subindo as pedras pela esquerda. Chegamos em um ponto do rio com diversas piscinas naturais – água limpa e muito transparente -, além de uma linda vista.
O local não é muito sinalizado, então ficamos um pouco perdidos e voltamos até o bar, onde resolvemos agora descer pela direita até avistarmos um casal à beira do rio. Fomos em direção a eles e descobrimos que estavam justamente em frente à Cachoeira do Sobradinho – um espetáculo!
Nos disseram que havia uma gruta na parte de cima da cachoeira, mas sua visita é paga (R$ 40 em abril/2022) e é preciso ir até outro bar para solicitar a visita guiada. Ainda assim, cruzamos o rio, subimos uma escada de madeira e seguimos um pouco a trilha, chegando em outra escada de madeira.
Descendo essa escada, é possível ver a saída da gruta. Ali há também outra queda e um pequeno poço, onde havia uma das águas mais cristalinas e lindas que já vimos. Nos sentíamos quase que enfeitiçados pela beleza dessa água, e impelidos a entrar, mas resistimos.
Também é possível ver a Cachoeira do Sobradinho de cima.
Alguns minutos depois de sair da cidade rumo ao Sobradinho, sentimos uma sensação obscura ao passar pela Fundação Harmonia. Local polêmico – pesquise por conta própria. Tiramos uma foto na volta.
Pedra do Disco
Havíamos anotado para conhecer a Pedra do Disco, mas ficamos confusos com o local indicado pelo Google Maps e não conseguimos identificar nada muito “diferente” por ali – havia, sim, um mirante beirando a estrada com uma bela visão panorâmica da região (subimos bastante para chegar de carro até ali).
Até mesmo nos enfiamos no meio do mato procurando a tal pedra. Acontece que, depois de conseguir sinal, descobrimos que a pedra não era realmente lá muita coisa, mas a visita compensou pelo mirante.
Pôr do sol em São Thomé das Letras
Pedra Furada
Por fim, voltamos para a cidade e entramos em uma estrada em direção às pedreiras, procurando pela Pedra Furada. Como era final de tarde/hora do rush e havia muitos caminhões transportando pedra e trabalhadores voltando do expediente, acabamos nem descendo do carro e indo até lá, apenas tiramos foto de longe.
Pirâmide de São Thomé das Letras
Ainda tínhamos alguns minutos de sol, e aproveitamos para subir conhecer a Pirâmide de São Thomé das Letras, uma casinha de pedras, e curtir o pôr-do-sol. Sentimos que essa é a “atração” mais famosa da cidade: todos os dias as pessoas, turistas e moradores, sobem até à Pirâmide para ver o sol se pôr, por isso fica sempre cheio e badalado.
É a parte alta da cidade, então está rodeada por uma vista muito linda de toda a região. Pode-se subir na própria casa também. Não deu tempo de vermos o sol se despedindo, mas ainda assim o céu estava lindo.
Havia muitos vendedores locais – algumas pessoas podem se incomodar com as abordagens ininterruptas. Os produtos principais variam entre artesanatos e culinária canábica (especialmente o brisadeiro).
Restaurante Parrilla del Brujo
Passamos rapidamente no supermercado e voltamos ao hostel para tomar banho e descansar um pouco. À noite, saímos a pé conhecer o centrinho, que estava relativamente agitado para uma quinta-feira. Fomos diretamente até o restaurante Parrilla del Brujo (@parrilladelbrujo), curtir o prêmio do sorteio que ganhei.
Subimos no sobrado: um ambiente legal onde estava rolando uma agradável música ao vivo. Serviram uma carne angus (300g) deliciosa com molho de gorgonzola e uma porção de batata doce assada, e também pedimos um adicional de arroz e refrigerante.
Nossa conta ficou em aproximadamente R$ 47 (já inclusos 10% e o valor do couvert), e, sem o prêmio do sorteio, a janta teria custado mais de R$ 100 (preços para duas pessoas). Gostamos bastante do restaurante – a comida estava maravilhosa e os garçons eram gentis.
Dia 2 - Complexo Véu da Noiva > Cachoeira do Flávio > Cachoeira Eubiose > Toca do Leão > Centro de STL > Travessia Parte Alta da cidade (Pirâmide > Cruzeiro > Pedra da Bruxa > Pedra dos Coelhos/Mirante > Portal dos Ventos)
Tentativa de ida à Cachoeira Shangrilá
No dia seguinte, tomamos o café da manhã servido no hostel, o qual era simples mas perfeito, um típico café mineiro: pão de queijo, bolo, pão, frutas, cafézinho… saímos muito satisfeitos para aproveitar o passeio guiado com a Clarisse, outro prêmio do sorteio.
Optamos por fazer o tour pela Cachoeira Shangrilá, mas, infelizmente, houve um problema com seu carro e a estrada estava muito deteriorada para arriscarmos ir com o carro do namorado, um Uno. Ah, uma curiosidade é que em toda a região (tanto em Luminárias como em São Thomé das Letras), há MUITOS carros Fiat Uno. Ela nos disse que é uma das melhores opções de custo/benefício para se andar por lá, visto que as ruas da cidade são de quartzito (pedras) e que as estradas de terra em torno da região geralmente não estão em condições tão boas.
Complexo Véu de Noiva
Sendo assim, alteramos o roteiro do passeio para conhecermos três lugares que planejávamos conhecer no próximo dia (sábado), e também poderíamos aproveitar para ir mais cedo para Luminárias.
A primeira parada, depois de menos de 30 minutos (há aproximadamente 8 km da cidade), foi no Complexo Véu de Noiva, um lugar imperdível e completo. Logo na entrada, há uma réplica de casa de hobbit com um balanço ao lado, e a estátua de um mago. Somente tome cuidado pois, quando fomos, ao lado do balanço havia um enxame de abelhas agitadas. Nessas horas é essencial ter um kit de primeiros socorros munido de um antialérgico – veja aqui como montar um.
Eles têm um projeto muito legal de inclusão, onde facilitam o acesso e levam cadeirantes até as atrações, então o caminho para chegar nas cachoeiras é bem tranquilo, através de uma plataforma de madeira que vai beirando o rio. E, falando em cachoeiras, são três, nessa ordem: Paraíso, Lua de Mel e Véu de Noiva. Aproveitando que estava cedo e vazio, fomos diretamente para a última, maior e mais imponente, e depois voltamos nas outras.
Cachoeira Véu de Noiva
No trecho final para chegar na Cachoeira Véu de Noiva, é preciso um pouco mais de atenção por causa das pedras molhadas, mas nada muito técnico, e certamente vale a pena: uma queda alta e muito linda.
Atenção: caso não saiba nadar, não se arrisque indo até a queda, pois o rio é fundo.
Cachoeira Lua de Mel
Voltamos para a Cachoeira Lua de Mel, que fica um pouco abaixo da anterior. Inclusive, olhando de frente, dá até a impressão de que ela é uma mera continuação da queda maior.
Cachoeira Paraíso
Por fim, retornamos para a primeira, a Cachoeira Paraíso. Bastou descer as escadas e cruzar o trecho raso de água, e chegamos à uma charmosa prainha natural. Estava completamente deserta, mas imaginamos que, durante dias mais agitados, aquela prainha deve ficar abarrotada de pessoas.
Sem dúvidas é um passeio que vale a pena. Pode-se visitar por conta própria e a estrada de terra estava em condições aceitáveis. A entrada nos custou R$ 20 por pessoa (abril/2022), e consegui usar o PIX para pagar no local. O proprietário também comentou que estavam construindo um observatório em uma montanha ao lado para receber visitas noturnas, mas não sabemos quando ficará pronto. E, quando fomos, estavam sem cozinheira, mas há um restaurante no local.
Outro benefício desse passeio é que, no caminho de volta para a cidade, há outras duas cachoeiras no caminho, e nossa próxima parada foi em uma delas: a Cachoeira do Flávio.
Cachoeira do Flávio
Essa é a única cachoeira gratuita da cidade (além da Cachoeira Sobradinho), portanto o ideal é também tentar ir durante a semana ou pela manhã, visto que não há muitas vagas para estacionar.
Deixamos o carro próximo da entrada e andamos alguns metros, e rapidamente estávamos diante da cachoeira.
Trata-se de um paredão com 3 quedas (quando fomos), cada uma fazendo massagem relaxante em diferentes intensidades. A água estava bem rasa, não chegava na cintura. Também tem uma pequena prainha quando está com volume razoavelmente baixo de água, como dessa vez que fomos. E muitas borboletas!
Pegando o caminho de volta para o carro, tem uma entrada à direita que dá na parte de cima da cachoeira, onde se pode banhar e tem uma piscininha natural com “borda infinita”.
A cachoeira pode ser visitada por conta própria e tem entrada gratuita, sendo propriedade do Sr. Flávio, do qual o local herdou seu nome.
Cachoeira da Eubiose
Por fim, terminamos o passeio guiado com a ótima companhia da Clarisse na Cachoeira da Eubiose.
Descendo uma trilha leve de uns 500 metros, chega-se na cachoeira, com uma pequena prainha. É bonita e tem uma queda muito potente! Mas deu para entrar embaixo e receber uma massagem natural. Em geral, a água em seu entorno é rasa.
A subida pode cansar um pouco os incautos, por ser muito íngreme, mas é rápida. Também pode ser visitada por conta própria. Pagamos, por pessoa, R$ 10 para entrar (via PIX, abril/2022). O lixo do local estava bem cheio, mas a cachoeira em si estava limpa.
Finalizando o passeio guiado da Clarisse, do Clã das Fadas
Retornamos ao hostel no fim da manhã e nos despedimos da Clarisse, uma pessoa muito gentil e atenciosa que faz vários passeios pela região (guia credenciada). Se procura uma companhia para explorar São Thomé das Letras, entre em contato com ela (@fadastl)!
Explorando a cidade: Igreja das Pedras (Nossa Senhora do Rosário)
Aproveitamos a tarde para caminhar por toda a cidade e conhecê-la melhor – a localização privilegiada do hostel também nos permitiu traçar um caminho vantajoso onde pudemos conhecer quase tudo, começando pela Igreja das Pedras (Nossa Senhora do Rosário), que representa muito bem o exotismo na cidade e fica quase ao lado de onde estávamos hospedados.
É uma igrejinha composta de pedras de quartzito e muito bonita, mas com uma história remota e conturbada. Sua construção foi iniciada no século XVIII e ficou inacabada durante muitos anos. Além disso, foi feita por escravos e para os escravos – por isso carrega o nome da Padroeira dos escravos, a Nossa Senhora do Rosário.
Uma antiga lenda conta que os muros que faziam parte da igreja teriam sido “excomungados” pelos sacerdotes religiosos da época, assim como as almas dos revoltosos teriam sido condenadas a habitar aquelas frestas após o abandono do corpo por um longo período.
Gruta Toca do Leão
A partir da igreja, seguimos a pé para a Gruta Toca do Leão, um local historicamente importante para a cidade por ter sido seu primeiro camping selvagem. Tratam-se de algumas formações rochosas que, supostamente, formam o corpo de um leão, mas não conseguimos enxergar (talvez nos tenha faltado alguns daqueles bolinhos vendidos na Pirâmide…)
Entramos em uma rua ao lado da quadra de cimento e ali encontramos uma gruta indiferente, a qual suspeitamos que fosse a tal Toca. Resolvemos subir por uma trilha pelo mato e nos deparamos com as grandes e belas pedras que, agora sim, tivemos a impressão que fosse a Toca do Leão. Em frente há também um ETzinho simpático montado em seu disco voador.
Por ali há uma entrada para o Portal dos Ventos, uma trilha leve que faz a “travessia” pela parte alta da cidade, com belas vistas e lindas formações rochosas – no entanto, preferimos fazer a travessia começando a partir da Pirâmide pois queríamos andar pelo centro durante a tarde e visitar outra gruta.
Igreja Matriz de São Thomé e praça central
Sendo assim, retornamos para a cidade e fomos até a praça central (a cidade é minúscula, dá para se virar tranquilo a pé). Vimos muitas lojinhas de artesanato e objetos esotéricos, além de muitos souvenirs de fadas, gnomos e alienígenas – a lenda é que a energia de São Thomé das Letras atrai seres extraterrestres para a região.
Também na praça central localiza-se a Igreja Matriz de São Thomé, uma gracinha. Infelizmente estava fechada para visitação interna, mas dizem ter lindas obras no interior e belíssima pintura no teto. Há também uma cruz enorme na frente do edifício.
Gruta de São Thomé
Ao lado da igreja, localiza-se a Gruta de São Thomé, uma visita rápida onde, na entrada, um senhor que controlava os acessos nos contou brevemente a história da gruta, responsável pelo nome da cidade.
No local pode-se ler algumas placas contando a história da cidade, mas dentro da gruta é proibido tirar fotos. A passagem pela gruta, inclusive, é muito rápida – não chega a um minuto.
Quem foi São Thomé das Letras
A história conta que, no final do século XVIII, um escravo, cansado de ser maltratado, fugira de seu senhor e se escondera na gruta por muito tempo, quando um senhor apareceu um dia, conversou com o escravo e lhe deu um bilhete. O escravo teria levado o bilhete até seu senhor, pois lhe foi prometido que isso o faria ser libertado.
Eis que seu senhor leu o bilhete e, impressionado pelo texto muito bem escrito (o que era inimaginável para um escravo na época), foi levado até a gruta, onde constatou a presença de uma estátua identificada como sendo de São Thomé. Acreditando ser um milagre, mandou erguer uma capela no local, a qual fora substituída em 1785 pela Igreja Matriz.
Já o “das Letras” refere-se às inscrições rupestres que podem ser vistas na gruta onde teria sido encontrada a estátua de São Thomé.
Pela lateral há também uma escada onde se pode andar por cima da gruta e ver um mirante com bela vista da paisagem com a igreja. É um passeio gratuito e fica bem no centro, então vale muito a pena conhecer.
Casa da Pirâmide
Saindo da gruta, rumamos para a Pirâmide, uma boa caminhada pelas enigmáticas ruelas da cidade. Depois de subirmos por cerca de 15 minutos, lá estávamos mais uma vez na Casa da Pirâmide. Aproveitamos para subir no telhado e entrar na casa, a qual a estrutura parece ser sustentada por um tronco na parte interna.
Descansamos alguns minutos apreciando a vista e começamos a caminhar nos entornos, onde têm diversos mirantes voltados para o leste e sudeste. Bem próximo também fica a tirolesa, nosso último prêmio do sorteio, a qual estava fechada e voltaríamos para descer apenas no próximo dia pela manhã.
Cruzeiro
Depois de poucos metros, começamos a “travessia” da parte alta e nossa primeira parada foi no Cruzeiro, o ponto mais alto de STL. A vista é muito linda em 360º.
Pedra da Bruxa
Seguindo ao lado fica a Pedra da Bruxa: uma curiosa formação rochosa que lembra a face e a silhueta de uma bruxa. Subimos pelo lado, com muito cuidado, e daria para subir até mesmo na própria pedra principal, mas resolvemos não arriscar.
Pedra dos Coelhos
Tiramos algumas fotos e prosseguimos para a Pedra dos Coelhos: muito mais calmo e contemplativo do que a Pirâmide ou o Cruzeiro, com vista igualmente incrível.
Portal dos Ventos
Como havia algumas pessoas no local, resolvemos partir para o último lugar marcado, o Portal dos Ventos. Até havia uma plaquinha demarcando o Portal, mas é um lugar muito amplo, com diversas rochas, penhascos e mirantes. Não havia ninguém lá além de nós. Caminhe pelo Portal dos Ventos e se perca (com cuidado) nas miríades de paisagens e formações rochosas.
Os pontos são bem próximos uns dos outros, e de 2 a 3 horas é possível tranquilamente fazer a travessia (cerca de 5 km), conhecendo toda a parte alta de São Thomé das Letras e vislumbrando as paisagens sob diferentes perspectivas. Um passeio gratuito e que definitivamente não pode faltar para quem estiver passando pela cidade.
Seguindo até a rua pela trilha do portal dos ventos, chegamos novamente à Gruta Toca do Leão, onde passamos no começo da tarde. Voltamos ao centro para buscar um açaí e retornamos ao hostel descansar.
Para terminar o dia fomos mais uma vez até a praça central, pois queríamos ver a cidade na sexta à noite. Muito agito e quase todas as lojinhas estavam abertas, exatamente a atmosfera agradável que se espera de uma cidade turística e simbólica.
São Thomé das Letras é perigoso?
São Thomé das Letra possui uma atmosfera tranquila e relaxante, como se vê tipicamente em cidades serranas de Minas Gerais. Está no leque de cidades que oferecem um ambiente acolhedor e rodeado por paisagens naturais deslumbrantes, que tornam a experiência ainda mais especial.
Foram poucos os momentos em que nos sentimos inseguros na pequena cidade – só me lembro de ter ficado desconfortável na Toca do Coelho, pois era um local mais isolado e sentimos alguns olhares estranhos das poucas pessoas que lá estavam.
Sendo assim, de maneira geral, não consideramos São Thomé das Letras como uma cidade perigosa. Conversando com alguns moradores locais, vários nos disseram que a cidade havia mudado muito nos últimos anos, tendo piorado e, depois da pandemia principalmente, melhorado novamente.
Enfim, para terminar o dia fomos mais uma vez até a praça central, pois queríamos ver a cidade na sexta à noite. Muito agito e quase todas as lojinhas estavam abertas, exatamente a atmosfera agradável que se espera de uma cidade turística e simbólica.
Dia 3 - Tirolesa > Cachoeira das Bromélias > Ladeira do Amendoim > Luminárias > Cachoeira do Paredão > Represa da Fumaça > Cristo Redentor
No sábado, nosso último dia em STL, ainda tínhamos o último prêmio do sorteio para aproveitar. No entanto, a tirolesa só funcionava a partir das 10h, então curtimos nossos últimos minutos no hostel e, tranquilos, tomamos um café reforçado.
Tirolesa Pôr do Sol
Nos despedimos da Clarisse, colocamos as malas no carro e partimos para a Tirolesa Pôr do Sol (@tirolesapordosol), ao lado da Casa da Pirâmide.
A pessoa que nos atendeu foi muito atenciosa e bem preparada; ele nos tranquilizou e sentimos confiança nos equipamentos.
Foi uma experiência muito legal! Prepare-se para pegar uma boa velocidade. Eles te trazem de volta lá de baixo com o carro.
Essa foi minha estreia descendo uma tirolesa e tentei gravar um vídeo enquanto descia, mas fiquei tão tensa e com medo de derrubar o celular que, além de o vídeo ter ficado horrível pois coloquei o braço na frente e não percebi, fui totalmente travada e não soltei a mão da corda para curtir livremente. Ainda assim, foi maravilhoso!
O prêmio envolvia a descida para duas pessoas, então economizamos R$ 100 (R$ 50 por pessoa em abril/2022).
Depois de sermos trazidos de volta pelo pessoal da tirolesa, passamos rapidamente pelo centrinho para comprar algumas guloseimas mineiras e seguimos adiante até nossa última cachoeira em São Thomé das Letras, a Cachoeira das Bromélias.
Cachoeira das Bromélias
São cerca de 25 minutos a partir do centro da cidade. Pega-se a mesma entrada da Cachoeira Vale das Borboletas, seguindo à esquerda quando se chega em uma pequena igreja e andando mais cerca de 2 km. A estrada no trecho final estava um pouco ruim, mas chegamos com um carro 1.0 e baixo.
E que local fantástico. Muito calmo, excelente para contemplar a natureza e tomar um banho nas belas quedas. Há muitas árvores e cipós em torno da cachoeira, o que deixa o ambiente com um aspecto mais enigmático e torna os raios de sol penetrantes ainda mais especiais. Certamente uma das quedas d’água que mais gostamos de toda a viagem.
Pagamos R$ 5 (abril/2022) para conhecer a cachoeira, um valor justo: além de ser um lugar lindo, há boa estrutura para chegar até a cachoeira, e estava limpo e bem conservado.
Talvez por ser mais afastada que outras, é menos frequentada – estávamos sozinhos lá, enquanto alguns minutos depois passamos na frente do Vale das Borboletas, justamente onde tivemos a visão assustadora do estacionamento abarrotado de carros, ônibus e vans.
As paisagens da estrada são um show à parte.
São Thomé das Letras: lendas
À essa altura, você ja pode perceber que a região é rodeada de muito esoterismo e recheada de diversas lendas sobre duendes, ocultismo e portais dimensionais – até mesmo as origens da cidade ainda são questionadas.
Uma das mais populares é a lenda de Chico Taquara, supostamente um velho curandeiro que tinha poderes mágicos regenerativos e morava em uma gruta próxima à cidade e conseguia curar as pessoas com essa sua energia. Diz-se que, quando ele visitava a cidade, desenhava um círculo no chão e os animais ao redor ficavam imóveis dentro dele.
Ladeira do Amendoim e Gruta do Carimbado
Nos despedimos de São Thomé das Letras em outro local sempre presente nas lendas da cidade, a Ladeira do Amendoim – sem dúvidas um dos pontos mais visitados e famosos.
Neste local, os carros “sobem” desligados ou em ponto morto. De início, ficamos confusos pois não sabíamos exatamente qual o trecho de estrada em que o carro “subiria” a descida. Eis que chegaram dois ônibus de excursão e ouvimos a indicação do guia.
Eu particularmente consegui perceber a pequena inclinação estando no local, mas em vídeos e fotos parece muito mais que o carro está subindo “magicamente”.
Pode fazer o teste também ao correr de trás para a frente em ambas as direções: há a percepção de estar “subindo” com mais facilidade do que descendo, quando deveria ocorrer o oposto.
Machu Picchu e São Thomé das Letras
Bem ao lado da ladeira fica a Gruta do Carimbado, onde ocultistas e místicos defendem haver um portal para o Peru – mais especificamente Machu Picchu , a “cidade perdida dos Incas” -, e, por ter sido fechada pelo exército, alimenta ainda mais os rumores de que há algo de estranho ali. Já outros dizem ser magnetismo. Nossa hipótese é de que é apenas uma mera ilusão de ótica.
Tinham alguns vendedores no local, que fica a cerca de 15 minutos do centro de STL (aproximadamente 6 km).
Onde fica Luminárias, MG
Luminárias é uma cidade localizada no Sul de Minas Gerais, cercada por montanhas, incluindo a Serra das Luminárias. Tem uma localização privilegiada no circuito turístico mineiro, situando-se entre Carrancas e São Thomé das Letras, e é parte do Circuito Turístico Vale Verde e Quedas D’Água, além de ser vizinha da Rota da Estrada Real.
Para ir de São Paulo até Luminárias, MG, Siga a BR-381 e pegue a saída 753A em Três Corações, até LMG-862. Continue na LMG-862 e, na rotatória para São Thomé das Letras (onde fica a lanchonete Café Trevo de Minas), tome o caminho pela esquerda para São Bento Abade. Pouco antes dessa pequena cidade, pode-se cortar caminho por uma estrada de terra. Recomendo utilizar o Google Maps para se localizar ali.
Confira esses mapas de Luminárias, MG, feitos pela Braap Uai Tour.
Retomando nossa viagem, a partir da Ladeira do Amendoim já voltamos para a estrada rumo à Luminárias, em um trajeto que levou por volta de 1 hora. Passamos por um trecho de muitos quilômetros de estrada de terra, mas não estava tão deteriorado.
Hospedagens em Luminárias, MG: Campings e Pousadas
Luminárias vem ganhando notoriedade por suas incríveis atrações naturais e proximidade com São Thomé das Letras. Sendo assim, pudemos perceber que a cidade, apesar de muito pequena e pacata, parece estar atenta e investindo na infraestrutura para receber cada vez mais turistas.
Apesar de ainda ter poucas opções de estadia, as alternativas atuais provavelmente não deixarão você na mão, como o Camping Sitio dos Coqueiros, logo após o asfalto em direção à Carrancas; a Pousada Serra da Luz, pouco depois do camping e ao lado da Cachoeira do Paredão; e a Pousada Flor da Pedra, no centro da cidade.
Camping Sítio dos Coqueiros
Nossa ideia era acampar, e chegamos às 15:00 no Camping Sítio dos Coqueiros (@camping_sitio_dos_coqueiros), onde os anfitriões Sr. Ladinho e Sra. Cássia foram gentis e nos receberam muito bem. A localização é excelente, sendo muito próximo da cidade – poucos metros pela estrada de terra (sentido Carrancas) e já se chega no local. Também há formosas colinas ao redor, tornando o cenário muito belo.
Armamos a barraca e aproveitamos as últimas horas de sol para explorar os pontos mais próximos. O tempo estava virando e uma tempestade parecia estar se formando.
O que fazer em Luminárias, MG
Cachoeira do Paredão
A Cachoeira do Paredão fica quase ao lado do camping (cerca de 1 km). Trata-se de um rio com várias pequenas quedas e locais para banho. Ali haviam algumas pessoas, então seguimos a trilha pela direita do rio e chegamos na queda mais bonita.
Para chegar é bem fácil: basta percorrer cerca de 1,5 km, a partir do Centro, pela estrada de terra sentido Luminárias > Carrancas e pegar uma entrada à esquerda. A entrada é gratuita e é possível parar o carro em alguns pontos ao lado da estrada.
Tiramos algumas fotos e, receosos com a chuva, rapidamente fomos para a Represa da Fumaça, uma usina hidrelétrica abandonada.
Represa da Fumaça
Não tínhamos nenhuma expectativa, mas foi uma surpresa agradável: a força d’água é impressionante e no local tem também um edifício abandonado que a natureza tomou conta e tornou-o extremamente fotogênico.
Atenção: deve-se tomar cuidado com os telhados que estão para cair a qualquer momento. Também jamais recomendaria nadar nesse local devido à força da água.
A estrada para chegar até lá não é muito boa, e em seu trecho final fica péssima; ainda assim, chegamos com um carro baixo 1.0.
Gostaríamos de explorar mais o local, mas começou a chuviscar e nos deparamos com algumas pessoas de modo que não estávamos nos sentindo muito seguros. Apesar disso, se está em Luminárias, não deixe de conhecer.
Cristo Redentor de Luminárias
Voltamos para a cidade, correndo contra o tempo e a chuva, e fomos diretamente até o Cristo Redentor de Luminárias. A estátua está no topo de uma colina e fica iluminada à noite – pode ser vista de vários pontos da cidade, deixando-a ainda mais graciosa.
Chegamos de carro até lá em cima – a estrada para chegar lá tem lindas paisagens -, mas também é possível parar o carro no sopé da colina e subir as dezenas de degraus. Um verdadeiro mirante em 360º, com paisagem linda em todos os lados!
Simplesmente imperdível se está visitando Luminárias. A estrada é de terra e tem alguns trechos ruins, mas chegamos com um carro baixo 1.0. E, aproveitando que já estávamos ali, passamos rapidamente pelo ponto marcado no Google Maps como “Torre de Luminárias”, a cerca de 5 minutos da estátua.
Torre de Luminárias
Infelizmente o tempo estava ruim e não pudemos explorar o local – na verdade, não sabia nem se poderia ir até lá -, mas como estávamos muito perto, resolvemos arriscar.
Não tínhamos nenhuma informação, mas parecia ser uma torre de telecomunicação. O mais interessante do local foi justamente ver a estátua por cima, mas nada de especial.
Como se pode perceber, a tempestade já estava muito próxima: já estava chuviscando e não é seguro ficar em um local tão alto e exposto por conta de raios. Sendo assim, tiramos algumas fotos e voltamos para a cidade.
Já na cidade, a tão esperada tempestade finalmente chegou e superou as expectativas, com uma chuva torrencial que não dava tréguas: esperamos mais de 20 minutos no carro pois era simplesmente impossível descer.
Também ficamos preocupados com o estado em que nossa barraca teria ficado. No entanto, chegando no camping os anfitriões logo nos receberam e foram muito solidários, oferecendo para passarmos a noite no quarto que haviam construído – sem nenhum custo adicional -, visto que estávamos sozinhos. A barraca havia segurado bem a chuva, mas aceitamos a oferta.
Usando nosso fogareiro portátil, fizemos um macarrão completo com seletas para a janta, mas cometemos um dos erros culinários mais graves de todos: esquecemos o sal – e, por esse erro, pagamos o preço. A madrugada também acabou se revelando um pesadelo para o Pietro, pois, apesar de ser bem construído, limpo e fechado, muitos pernilongos conseguiram invadir o aposento, o que acabou gerando uma intensa batalha que o fez conseguir dormir apenas por volta das 04:00.
Dia 4 - Cachoeira do Mandembe > Cachoeira Pedra Furada > Cachoeira do Didi / Jandira / Serra Grande > Pico do Cruzeiro > Itapira
Pela manhã nos ofereceram um delicioso café caipira e até leite fresco, tirado ali mesmo. Eles são muito humildes e receptivos.
Há uma piscina com água pura, vinda diretamente da colina, e um grande campo para armar as barracas, rodeado por algumas mesas e frutíferas, além de uma pequena casinha com dois banheiros, feminino e masculino, e um quarto (onde pernoitamos). Também tem uma geladeira, caso precise. Em um futuro próximo, uma cozinha compartilhada será construída.
Conversamos um tempo com eles, agradecemos pela hospedagem e nos despedimos. Pagamos R$ 35 por pessoa para acampar (uma noite).
Cachoeira do Mandembe
Começamos indo até a Cachoeira do Mandembe. Chegando ao local (a cerca de 20 minutos / 9 km da cidade) basta atravessar a ponte e entrar pelas pedras à esquerda, em uma placa. Andando poucos metros, já se chega na cachoeira, podendo observá-la de longe. Nós entramos por um lugar um pouco antes da ponte e precisamos cruzar o rio (trechos rasos) algumas vezes.
Não nadamos na cachoeira mas parecia fundo.
Voltando para a ponte e atravessando-a, agora do lado direito, há uma pequena entrada que dá para uma trilha de poucos metros, chegando em cima da outra queda, mais alta e extremamente forte. Atenção: conseguimos descer pelas pedras, mas muito cuidado, pois alguns trechos foram relativamente técnicos pois estava molhado e escorregadio. Seguindo a trilha adiante, chega-se ao ribeirão (não fomos até o fim).
Ali também nos deparamos com um banco de areia que formava uma pequena praia, onde ficamos caçando pedrinhas bonitas como se estivéssemos caçando conchinhas do mar.
Todas as pedras brilhavam muito e ouvimos dizer que eram usadas para fazer cosméticos, pois sai bastante “glitter” na mão.
Em geral, um lugar bonito e gratuito que vale a pena a visita.
Cachoeira da Pedra Furada em Luminárias, MG
A partir desse momento, as próximas atrações eram incógnitas para nós. Dos poucos relatos que o Pietro tinha conseguido ler, grande parte recomendava ir apenas com um 4×4, mas, querendo muito explorar a região, nos agarramos aos relatos das pessoas que haviam conseguido ir com um carro normal e baixo como o nosso. Mal sabíamos do sufoco e estresse que tal decisão traria.
Voltando da Cachoeira do Mandembe em direção à cidade, em um momento há uma placa à direita indicando a Cachoeira da Pedra Furada. É um atalho que te leva já no meio da estrada para a atração. A virada é nessas coordenadas: -21.54357, -44.88673. Esse caminho estava em boas condições, até a bifurcação da estrada principal entre a cidade e a cachoeira.
Os problemas começaram pouco tempo depois de entrar nessa estrada principal: a estrada estava realmente obscena – choveu muito um dia antes, então creio que estava ainda pior que o normal. Não apenas muitas pedras soltas, mas também um trajeto composto, muitas vezes, por um chão não de areia ou terra, mas de pedra mesmo – pedras altas que lamberam a parte de baixo do carro diversas vezes.
Cada curva era uma nova surpresa desagradável, e cada raspada na parte de baixo era uma sensação de angústia e pavor. Não havia certeza alguma de que chegaríamos na cachoeira. Curiosamente, chegando perto do local, há placas deixando explícito que seria cobrado R$10 para ver as cachoeiras.
Eis que, depois de cerca de 30 minutos / 9 km, finalmente, chegamos no bendito lugar – o trecho final foi o mais assustadoramente deteriorado, e, para piorar, estava nublado e parecia que ia chover, o que nos deixou apreensivo durante todo o tempo em que estávamos lá.
Pelo menos, nossa recompensa: não apenas uma das cachoeiras mais lindas de Luminárias – quiçá a mais bonita -, mas também da viagem. Estacionamos o carro, pagamos para o proprietário em seu bar e seguimos pela estradinha, logo descendo pela esquerda. Por ali, chega-se na parte de baixo da Cachoeira da Pedra Furada – exuberante e com muitas quedas e poços para banho.
Deve-se atravessar o rio até o outro lado e há uma trilha até a queda maior principal, onde o chão de pedra e trechos rasos de água permitem receber a massagem proporcionada pela natureza.
Cachoeira das Bromélias (Luminárias)
De volta à trilha, seguindo um pouco mais, passamos por alguns bambus demarcados com fitas. Poucas centenas de metros e chegará na outra queda d’água do local, a Cachoeira das Bromélias, bem mais reservada e onde se forma um poço cercado por um belo paredão rochoso. Não tem muito espaço para ficar ali em volta – é praticamente descer o barranco e entrar na água.
Voltando para onde estacionamos o carro, seguimos adiante pelo outro sentido e acessamos a parte de cima da Cachoeira da Pedra Furada (atravessando um portão para outra propriedade). Já que aquele passeio havia nos custado caro (emocional e materialmente), queríamos aproveitar e explorar tudo que estava disponível para conhecermos.
Pagamos R$ 10 por pessoa para entrar. Se deseja encarar o desafio, muito cuidado para ir até lá. Fomos com um carro baixo 1.0 (HB20). Deu para chegar? Sim, mas foi extremamente sofrido. Com um carro baixo eu definitivamente não voltaria, mesmo o local sendo um espetáculo.
Pico do Asa Delta
Depois da traumática experiência, voltamos pela estrada (onde passamos mais momentos de tensão) pois queríamos conhecer o Pico do Asa Delta. O Pietro encontrou marcado no Maps, mas não conseguimos informação com ninguém, nem mesmo no Wikiloc, e decidimos ir até onde fosse possível.
Infelizmente não pudemos fazer a trilha para subir. O Pico do Asa Delta é muito bonito visto de longe. Usando o Google Maps, depois de cerca de 20 minutos (a partir da Cachoeira da Pedra Furada) você chegará até um trecho da estrada no sopé do Pico, onde parece ter uma pequena entrada para trilha. Há alguns trechos ruins até lá também, especialmente na última subida antes de chegar na curva final que o Google Maps te leva.
Atrações de Luminárias, MG: Cachoeiras Serra Grande, Didi e Jandira
Logo antes dessa subida terrível que mencionei acima, há uma bifurcação à esquerda (ou direita, para quem estiver indo em direção ao Pico, coordenadas: -21.528861, -44.869316) que nos levou de volta até a estrada de Luminárias – Carrancas. Esse atalho estava em boas condições.
Seguimos pela estrada indo sentido Carrancas e logo entramos à direita novamente. Passamos pelo Mirante da Serra Grande e Pico do Cruzeiro, onde voltaríamos posteriormente, pois estávamos indo diretamente até as últimas cachoeiras da viagem.
Marcado no Google Maps como Cachoeira Serra Grande, chegamos finalmente na propriedade do Sr. Didi, um senhor humilde e gentil que nos instruiu sobre o local, mas percebemos depois que tudo estava muito bem sinalizado com plaquinhas. Saindo do Pico do Asa Delta, levamos aproximadamente 40 minutos (15 km) para chegar.
Cachoeira do Didi
Descobrimos que havia mais de uma cachoeira, e subindo pela esquerda da casa aberta – onde há estrutura com um banheiro -, logo começamos a trilha para a primeira. Alguns minutos e menos de 1 km depois, cruzamos o rio e chegamos na belíssima Cachoeira do Didi, que leva o nome do proprietário. Lá é possível descer com cuidado em um trecho para banhar-se.
Cachoeira da Jandira
Seguindo o caminho mais um pouco e estará na Cachoeira da Jandira, a continuação da queda anterior, igualmente maravilhosa e potente.
Um pouco mais adiante, chegará no fim da trilha, que é uma pedra onde, com muito cuidado, se pode ver a Cachoeira Serra Grande por cima.
Cachoeira Serra Grande
De volta até onde estacionamos o carro, agora pela direita da casa aberta, uma pequena trilha o levará na cachoeira que dá nome ao local, a Cachoeira Serra Grande. A água estava muito gelada e deliciosa para se banhar. Uma queda alta e forte, que faz massagem natural, e a beleza natural dos arredores também não deixou a desejar.
Mirante da Serra Grande em Luminárias, MG
Um local surpreendente com três lindas quedas. Pagamos R$ 10 por pessoa e valeu muito a pena. O ponto negativo realmente foi a estrada para chegar até lá. Sofremos muito com um carro baixo 1.0. Deu para chegar, mas, apesar do lugar ser excelente, é outro lugar que só voltaríamos com um carro mais alto.
Saímos da propriedade do Sr. Didi e voltamos em direção à cidade. Depois de 5 minutos de estrada, chegamos em nossa última parada, o Mirante da Serra Grande, onde aproveitamos as últimas horas de sol (era cerca de 16:00) para curtir o visual do local – a paisagem de toda a região serrana é sensacional – e subir o Pico do Cruzeiro. Estacionamos o carro perto de uma cerca, passamos por ela e seguimos em direção ao pico, meio que nos guiando visualmente, sem seguir nenhuma trilha.
Pico do Cruzeiro em Luminárias, MG
Se tiver experiência com trilhas, não deixe de subir o Pico do Cruzeiro – em menos de 15 minutos estávamos no topo. Atenção: muito cuidado com as pedras soltas. Pode achar algumas trilhas no Wikiloc.
É bem legal andar pelo cume e explorar as diferentes perspectivas que o ganho de altura nos proporcionou.
As paisagens da estrada até o local são fascinantes. Visita imperdível se estiver em Luminárias! Não foi tão difícil chegar até aqui com um carro baixo 1.0, mas a estrada não é das melhores.
Curtimos os momentos finais da viagem observando a metamorfose do horizonte, que a cada minuto se embelezava e se transformava com os tons propiciados pelo crepúsculo.
Considerações finais: vale a pena ir para São Thomé das Letras e Luminárias?
Não imagino de que maneira poderíamos ter aproveitado melhor esses 4 dias. Desconsiderando os apuros que passamos com algumas estradas ruins, ficamos muito satisfeitos com a viagem de maneira geral e espero que nosso relato te dê ideias do que fazer em São Thomé das Letras e Luminárias.
E também que o incentive a conhecer a humilde cidade de Luminárias, que é um pouco turisticamente ofuscada por STL mas, da mesma forma que sua cidade vizinha, também dispõe de uma fartura de deslumbrantes atrações naturais.
Já conhece uma das ou as duas cidades? Conte para nós o que achou nos comentários abaixo.
Se você conhece alguém que vai para São Thomé das Letras, compartilhe nosso roteiro! Nunca tínhamos ouvido falar de Luminárias, ainda que a maioria de nossos amigos já tenha ido para STL.
E caso busque uma viagem mais rápida e leve, veja nosso post sobre Pedra Grande e Serra do Lopo.
Até a próxima!
Quanto gastamos em 4 dias em Luminárias e São Thomé das Letras?
R$ 411,59
Despesas aproximadas
- Transporte R$ 188,66
Gasolina e pedágios
- Alimentação R$ 93,93
Padarias na estrada, cantina no Vale das Borboletas, salgados em Luminárias, restaurante (prêmio do sorteio), supermercado
- Hospedagem R$ 35
Clã das Fadas (prêmio do sorteio), Camping Luminárias
- Passeios R$ 65
Garganta do Diabo, Vale das Borboletas, Veu da Noiva, Eubiose, Bromelias, Serra Grande, tirolesa (prêmio do sorteio), guiada com a Clarisse (prêmio do sorteio)
- Souvenirs R$ 29
Adesivos, lembrancinhas, queijos
Respostas de 4
Muito legal e completo o seu blog, passarei a acompanhar!!
Obrigada Débora, fico feliz que gostou e espero que as dicas ajudem! Qualquer dúvida é só deixar um comentário 😍
Amei! Obg por compartilhar
Imagina Camila, obrigada por nos acompanhar! 🤩